domingo, 25 de março de 2012

O show da vida

Parque Indígena do Xingu, 25 de março de 2012

Hoje faz uma semana que cheguei aqui.
Neste últimos dias, estava tentando imaginar o que escrever sobre minhas primeiras impressões dessa nova vida (que são muitas, dado a quantidade de novidades encontradas - quase tudo é novo, incluindo a viagem que me fez chegar aqui).

O mais impressionante é que não falarei de minhas primeiras impressões da vida nova, e sim, de um evento que mobilizou parte das aldeias nesse sábado (24/03/12).

Por conta dolançamento do filme Xingu (podem saber mais do filme no endereço http://xinguofilme.blogspot.com.br/), parte da equipe que produziu o filme, incluindo o diretor Cao Hamburguer, a atriz Maria Flor e o Ator João Miguel (que é uma pessoa bem bacana e sensível - gostei muito de conhecê-lo - e que não cozinha nada hehehe, ao contrário do seu personagem do filme Estômago), vieram participar da projeção do filme em um dos lugares de filmagens, na aldeia Yawalapiti.


Ainda asism, não falarei do filme (apesar de quem há muita, mas muita coisa pra contar sobre o filme...). Falarei do que foi o motivo principal da projeção aqui ontem, pelo menos pra mim.

Além do pessoal do filme, veio uma equipe do Fantástico, encabeçada pelo reporter Ernesto Paglia, que é uma pessoa bem simpática, atenciosa e tem um monte de história interessante pra contar). A vinda da equipe de reportagem era justamete pra fazer uma matéria que será veiculada, no Fantástico, no domingo 01/04. Acredito que a veiculação dessa matéria na semana em que o filme será lançado, é uma bela propaganda para o filme... nada mais justo, já que é uma co-produção da Globo Filmes!

Até chegar lá, pra assistir a exibição do filme, acreditava que a idéia original dos produtores seria passar o filme pros povos, já que o filme tratava de suas histórias (pelo menos, uma versão dos fatos ocorridos... depois falo mais detalhes disso) e do próprio Parque Indígena do Xingu. Ledo engano!
Como disse, a idéia original era bem mais fazer a reportagem e todo a propaganda que a matéria vai causar.

A forma como a apresentação ocorreu, não foi muito educada, e também não houve nenhum evento tratando da importância de se manter lutando pela causa indigenista, pela cultura, etc, etc, e etcs mais (só pra não ficar vago, e antecipando o que vou escrever no futuro, o filme vale a pena ser visto, e abre muitas possibilidades de discussão, mostrando um problema histórico que os não indígenas impuseram aos indígenas... deixo o restante pra depois, e pra quem for ver o filme).

Só um dado que vale a pena ser mencionado: a língua Yawalapiti, hoje, só é falada por cerca de 5 pessoas (esse número não é tão preciso, mas é perto disso) dentro da própria aldeia Yawalapiti, porém, isso não foi usado, no evento da projeção, como mote pra ter alguma indicação da importância do filme, como veículo de mostrar a importâcia de manutenção da cultura e tudo mais que podemos tratar. Isso, foi o que vi - ou não vi!

Resta tentar ver a matéria do Fantástico, e ver como será tratado esse evento... que acredito ser um belo uso da grande mídia, utilizando "uma causa" em seu benefício.

Enfim, quem puder ver o filme, veja.
Ainda assim, não fiquem só no filme... sob este aspecto, tentem ler livros e matérias sob a história dos Villas Boas. Vale a pena.

5 comentários:

Unknown disse...

Porquinho,
não me espanto nada com o seu relato... Fizemos a exposição sobre os Villas-Bôas no ano passado, em parceria com a O2, por conta do filme. Organizar a ação educativa de forma a colocar algumas das muitas questões que envolvem o tema foi uma postura nossa, da casa e, principalmente, da equipe responsável por isso - da qual faço parte. A postura do pessoal do filme foi meio "tanto faz". O que importava era a publicidade. Trouxemos dois jovens cineastas, do Vídeo nas Aldeias, para um papo com professores - e ninguém da produção se interessou... enfim... Terá uma boa bilheteria, imagino eu.

George Leandro disse...

pois é, isso é meio tenso...
ai, fica complicado não pensar que o filme não seja mais uma jogada pra gerar $$. O uso dos 50 anos do Parque, é um mero detalhe.

Claro, o filme tem um enfoque interessante (mas também, se num tivesse, podia desencanar de tudo...). Mesmo assim, como eu falei pro João Miguel, o balde sempre pode ser chutado com mais força!

Agora, seria esperar muito, vindo de onde vem.
Espero ver o tipo de debates/ações que virão em seguida. Afinal de contas, a PEC 215 tá ai... batendo na bunda!

Beijos minha querida ;)
Porquinho

Anônimo disse...

Claro que o principal é a grana. Cultura, para eles, é secundário. Tem que ser na pressão, meu amigo... força aí. Bjs

Vick

George Leandro disse...

Vick,
não que num soubesse disso... tudo bem, deixa os cara ganhar o "dinheirinho" deles, porém, pensei que a coisa fosse ser menos tosca do que foi!
Mas é isso mesmo. "Nadando contra a corrente, só pra exercitar" ;)

Beijos
George

Anônimo disse...

a globo quer $

mas o o joão miguel é um máximo... ao menos essa impressão se confirma ;)

saudações xinguanas querido porquinho!

xêros
k