quinta-feira, 14 de julho de 2011

12 Anos

Ai que saudade que eu tenho dos meus 12 anos, que saudade ingrata...
É assim que começa essa música do Chico (interpretada por ele e pelo Moreira da Silva), que relata uma série de brincadeiras dos tempos de criança.


Claro, há brincadeiras que são feitas em alguns lugares do país, que não são feitas em outros. Como exemplo, posso citar o "taco", que sei que se brinca no Paraná, mas nunca vi lá pros lados do Ceará, da mesma forma que não se vê em qualquer lugar, meninos brincando numa disputa de quem tira mais cacho de açaí (quem é mais ligeiro em subir no pé e descer com o cacho na mão). Essa brincadeira foi relatada por um aluno meu, que ele fazia com os irmãos lá no interior do Pará.



Enfim, tenho uma dúvida. 
Será que as crianças de hoje, as que nasceram nesse século, vão ter saudades de seus 12 anos?
Penso que eles talvez até sentirão, mas de um modo diferente do relatado na música, e por motivos diferentes também.


Um dia desses, comecei a pensar sobre isso. Logo que entrei de férias, e vim do interior pra capital, pensei que iria ver um monte de crianças pelas ruas, brincando e fazendo as traquinagens que são comuns para a idade.
Porém, comecei a reparar num fato: não via as crianças nas ruas.




asfalto, muito asfalto
ideal pra um campinho de bila...





pé de manga, carregado, sem nenhum menino em cima
pitombeira carregada

aqui ó, um possível campo de travinha












lan house
Agora, qual o motivo de não estarem, me perguntei, já que as crianças que estudam na rede pública estadual estavam de férias, e no bairro que moro tem várias casas com crianças, há escolas, praças, terrenos baldios com fruteiras.... sim, sim, há uma lan house também!

Por que não há crianças nas ruas? Por que não as vejo fazendo todas essas brincadeira malucas?




Aqui na capital, não vejo jogo de bola no campinho do terreno, não vejo pipas no ar, não vejo bilas pra vender nas bodegas, e nem vejo meninos pendurados em árvores.
















Ah, outra detalhes que me chamou a atenção é que não vejo mais crianças de braços e pernas "quebradas", andando por ai, exibindo seus gessos todos decorados com anotações do coleguinhas.
'quêde????'

Quem num lembra da cena do Kramer vs Kramer, quando o menino cai no parque, e o pai corre até o hospital com ele nos braço?

Num achei a cena do parque, mas o trailer é bem legal também!




Sei lá, já ví várias pessoas falando sobre essa nova geração, que vive de internet, lan houses, etc, etc. Minha ideia de escrever sobre isso, num é discutir essas questões, até porque parecem óbvias.

disputa de tiro ao alvo
A minha idéia é falar pros meus amigos e amigas que já são pais e mães, e praqueles que serão, que ao invés de colocar internet em casa (pois supostamente seu filho vai ficar mais sabidão), coloque um pneu pendurado na árvore (se num tiver árvore, plante uma com seu filho). Ao invés de dar dinheiro pro menino ficar na lan house, dê dinheiro pra ele comprar chiclete e bilas. Ao invés de chegar do trabalho e sentar no sofá, vá brincar de esconde esconde com as crianças...
Façam um bem pra vocês e pros seus filhos, voltem a ser crianças!
Podemos até fazer o que os atores fazem, ao invés de desejar "boa sorte" pra uma criança, diga: quebre a perna!
mirando...

Nem tudo está perdido, andando pelas ruas do interior, vejo a criançada brincando de bila, jogando bola na escola, soltando raia... sendo crianças! Na periferia de Boa Vista também vi meninos soltando raia, e jogando de bola (garanto que vi).


só na mãozona
fazendo subir


um de tudo
subiu!



Espero que não precisemos ir cada vez mais pra longe pra poder ver uma criança rindo, brincando, e disputando com os amiguinhos quem pega mais cajá, mais siriguela, quem sobe mais rápido no muro!



Pensando tudo isso, me perguntei: e eu?
Será que ainda consigo????

jambos... desde a infância!
Saí de casa um dia desses, pronto pra me colocar a prova. Fui fazer algo que era craque, junto com a meninada da rua.
Fui roubar jambo!

Sábado de tarde, ruas sem movimento, e vários jambeiros carregados. Olhei o primeiro... desconfiado passei por ele. Olhei o segundo, e era muito alto. Caminhando um pouco mais, estava lá, perfeito. Jambeiro frondoso, com galhos não tão altos e resistentes, e o principal, vários jambos maduros.

Parei, pensei, repensei... tirei as chaves do bolso, fiquei descalço e fui. Meio desajeitado no início, porém, menos de um minuto depois lá estava eu, trepado no jambeiro, com a boca cheia e radiante de alegria - ainda sei subir em árvore \o/



Algumas vezes, as soluções pra vida de um adulto é, simplesmente, voltar a ser criança!









6 comentários:

Maíra disse...

GLeandro,
Em São Felix adorava ver as crianças voltando da escola e passando o dia inteiro de cueca brincando nas pilhas de areia que tinha na frente da casa da vizinha, andando de bicicleta. A noite, a gente via as meninas brincando de elástico (e ia até pra cima da cintura) em plena rua central da cidade.
Aqui em Xavantina, não se brinca tanto na rua, mas mesmo assim a criançada se diverte, sempre passam uns de bicicleta, brincando desse tal de taco/bets ou passando com uma linhada pra pescar no rio. Sem falar a zuada que é a criançada brincando na praia, sair rolando na areia, inventar saltos na água, pega-pega. Rapaz, como queria ter sido criança nestas cidades!

Bispo disse...

Linda bola George, por aqui a coisa é bem parecida, como esperado. Estava a andar de bicicleta com um amigo paquistanês aqui em torno da cidade e ele olhou pra um bairro e disse, nossa, se isso fosse o Paquistão haveria muitas crianças brincando nessa área. Eu já logo disse, nossa no Brasil também (talvez sem ter consciência me referia ao Brasil da minha infância). Mas como eu vi num desenho americano, as crianças preferem jogar video-games de guitarrinhas virtuais, tênis, etc, etc do que chegar perto de qualquer objetos relacionados ao tema. Com certeza há muita coisa acontecendo tudo junto ao mesmo tempo misturado, a meninada está vivendo uma infância muito diferente da nossa. Vamos ter que esperar alguns anos pra ver que tipo de adultos vão se tornar.

Tativianna disse...

Li teu post e concordo plenamente!As crianças estao sendo superprotegidas e perdendo o melhor q a infancia nos traz!Como nao tenho filhos,estou sempre brincando c os filhos de amigos.. Sento no chao,brinco de bonecas,carrinhos,massinha,levo p parque...E se duvidar,devo me divertir mais q eles!Apesar de morar em Fortaleza,meu bairro é bem residencial...o q ainda nos faz manter contato c vizinhos e ver crianças na rua...

Vick disse...

Nossa, assino embaixo demais da conta. Essa do braço quebrado foi fantástica... é um sintoma desses moleques encaixotados em casa. Tenho uma amiga que disse pra filha que na casa dela não pega televisão. nada mais genial. Internet, então, nem pensar... Moleque tem que fazer bagunça, se sujar, se machucar...

Unknown disse...

Porquinho,
nem preciso te dizer que concordo em gênero, número e grau com o que disse. Aqui em São Paulo, minha briga nos projetos tem sido convencer os adultos a deixarem as crianças brincar em paz!
Agora, senti falta da foto provando que vc subiu no pé de jambo, hein... só fiquei imaginando a cena...
beijo, querido, saudades!

Java / Daniel disse...

"campinho de bila"
que diabeissu?!?!
O que mais deu agua na boca ai foi pipa... acho que nao sei mais fazer uma...
Boa do Bispao ai nos comentarios... concordo!
bjo!